Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força numa procura
Fugir as armadilhas da mata escura
Quais são os seus monstros? Quando eles aparecem pra você?
Parece até bobagem falar em monstro para um adulto, porque parece que eles habitam só o universo infantil. E no entanto, é notável que eles não escolhem idade para aparecer. Talvez eles apenas tenham se adaptado para adentrar outros universos etários e assim, mudaram um pouco de aparência. Então, como é esse monstro que aparece para um adulto? Bem, em geral ele aparece como uma tsunami de emoções que tem sinais físicos de aceleração de batimentos cardíacos e da respiração, por exemplo; e sinais emocionais, pois a pessoa embarca em uma espiral de preocupações associados a outros sentimentos que ampliam a dimensão dessa onda. Ou, dá ouvidos a uma voz desse monstro que teima em contar as incapacidades, os medos, o seu lado mais frágil. Monstros no universo adulto se apresentam com a culpa, o medo, a tristeza, a ansiedade, a angústia.
Deparar-se com uma intensidade de emoções como essa afeta a capacidade de discernimento racional da pessoa. Algumas paralisam, outras agem impulsiva ou, defensivamente. Depois que a crise passa, é tempo de olhar o estrago feito e se haver com os reparos necessários. Depois de tantas crises que se sucedem alguns anseiam combate-los! O que é preciso fazer para acabar com eles? Que armas eu preciso para vence-los? É com este pedido que muitas pessoas procuram por um psicólogo. E as ferramentas que nos são acessíveis convocam ao embate que acontece em outro plano. O embate é no palco psíquico com os monstros e heróis que surgirem ou que forem convocados - todos personagens que habitam o próprio sujeito.
Deparar-se com uma intensidade de emoções como essa afeta a capacidade de discernimento racional da pessoa. Algumas paralisam, outras agem impulsiva ou, defensivamente. Depois que a crise passa, é tempo de olhar o estrago feito e se haver com os reparos necessários. Depois de tantas crises que se sucedem alguns anseiam combate-los! O que é preciso fazer para acabar com eles? Que armas eu preciso para vence-los? É com este pedido que muitas pessoas procuram por um psicólogo. E as ferramentas que nos são acessíveis convocam ao embate que acontece em outro plano. O embate é no palco psíquico com os monstros e heróis que surgirem ou que forem convocados - todos personagens que habitam o próprio sujeito.
Uma animação da Disney, Como Treinar Seu Dragão, ilustra bem essa situação. No filme, o protagonista Soluço é filho do líder de uma aldeia de vikings, que sofria constantemente o ataque de dragões. Assim, os vikings eram treinados para matá-los e buscavam dizimá-los para cessar os ataques. Mas, Soluço não tinha físico e nem habilidade para isso. Todas as suas tentativas acabava em situações desastrosas. Até que em uma dessas ele se depara com o dragão muito temido por toda a aldeia, bastava que Soluço enfiasse-lhe o punhal para atestar sua potencia de viking; só que ele não consegue e deixa o dragão ir embora. Soluço "fracassa" em sua missão porque se vê nos olhos do dragão e percebe que ele também sente muito medo. Após algumas confusões, Soluço mostra para a aldeia que é possível conviver com os dragões de uma maneira amistosa ao invés de serem caça - caçador.
Assim como na história, no enredo da vida as pessoas sofrem o ataque de seus monstros internos e buscam a mesma solução: instalar uma guerra contra eles. Mas, caçar os próprios monstros é declarar uma guerra a si mesmo. Porque estamos falando de monstros que são sentimentos inatos à nossa natureza. Não há como extingui-los, não há como não se deparar com eles nas esquinas sombrias da alma e nas situações adversas da vida. Então, o que fazer? A história infantil nos conta que não é preciso lançar mão da força, pois é possível estabelecer outro tipo de relação com eles.
No processo de psicoterapia o primeiro embate é o reconhecimento. É o reconhecer, o conhecer de novo, de novo e de novo; quantas vezes for preciso, quem é o monstro que se apresenta e quais são as circunstâncias que ele aparece. Conhecer, também, quais são os efeitos que causa no território psíquico durante e após sua aparição. Ao trazer-lhe à luz da consciência vai tornando-se possível a aproximação e o diálogo com ele.
Que forma ele tem? Qual é a sua dimensão? Qual é o seu nome? O que ele gosta de fazer comigo? Que chances eu dou para que ele apareça? O que ele causa em mim? O que eu faço com o que ele me causou?
Com esse diálogo passamos a conhecer quem é esse monstro. De monstro protagonista ele pode passar a ser um personagem coadjuvante, que dá sinais anunciando sua chegada e dá brechas para preparar para a sua passagem. Uma passagem que vai se redimensionando a cada visita, que vai perdendo sua força de onda tsunami. Como Soluço, descobrimos que o embate mais produtivo é o das palavras, com a atenção nos sinais do corpo e da mente, no encontro de recursos que canalizem a angústia, o medo, a culpa, a ansiedade.
Para fugir das armadilhas é preciso ascender algumas luzes na própria mata escura, abrir no peito a força na procura de si mesmo e das próprias potencialidades. É preciso dar a mão aos monstros e trazê-los para a luz da consciência. E nesse processo, descobrir que ainda que eles estejam povoando os arredores, não é preciso parar ou se desesperar. É possível seguir em frente mesmo com medo, ansiedade e angústia. É descobrir que a arte de com-viver com eles é discriminá-los de si mesmo para que eles passem por você, mas que não passem a ser você.
Que forma ele tem? Qual é a sua dimensão? Qual é o seu nome? O que ele gosta de fazer comigo? Que chances eu dou para que ele apareça? O que ele causa em mim? O que eu faço com o que ele me causou?
Com esse diálogo passamos a conhecer quem é esse monstro. De monstro protagonista ele pode passar a ser um personagem coadjuvante, que dá sinais anunciando sua chegada e dá brechas para preparar para a sua passagem. Uma passagem que vai se redimensionando a cada visita, que vai perdendo sua força de onda tsunami. Como Soluço, descobrimos que o embate mais produtivo é o das palavras, com a atenção nos sinais do corpo e da mente, no encontro de recursos que canalizem a angústia, o medo, a culpa, a ansiedade.
Para fugir das armadilhas é preciso ascender algumas luzes na própria mata escura, abrir no peito a força na procura de si mesmo e das próprias potencialidades. É preciso dar a mão aos monstros e trazê-los para a luz da consciência. E nesse processo, descobrir que ainda que eles estejam povoando os arredores, não é preciso parar ou se desesperar. É possível seguir em frente mesmo com medo, ansiedade e angústia. É descobrir que a arte de com-viver com eles é discriminá-los de si mesmo para que eles passem por você, mas que não passem a ser você.
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