terça-feira, 1 de março de 2016

Boas Vindas: A Arte da Psicoterapia

Que cada um possa encontrar o que lhe aplaca a dor. 
Para alguns a música, a poesia, a arte, a conversa, o recolhimento, a prece, a contemplação de uma árvore, a ação eficaz, a sensação do corpo, a concentração, o ócio, o estudo, a criação, o prazer são bálsamos, tônicos e elixires.
(Gambini, 2011, p.148)


Lágrimas de Freya, Gustav Klimt
Uma pianista diz ficar doente se não tocar piano de seis a oito horas por dia. Um bailarino que queira dançar como se deve precisa treinar diariamente a musculatura de seu corpo por um tempo análogo de horas. E o psicoterapeuta, pela mesma razão, tem que treinar o uso de suas ferramentas. (Gambini, 2011)

O ofício do psicólogo é a linguagem - a que se fala, a que se ouve, a que se lê, a que se escreve, a que se sente. E a psique, sua ferramenta. Para Gambini (2011) seu "ofício tem que ser tão treinado quanto a mão da pianista ou o corpo do bailarino"(p.35). O treinamento dessa ferramenta se dá pelo estudo e o conhecimento da estruturação psíquica-emocional do ser humano, da formação de ego e das defesas, da formação e da ativação dos complexos, das psicopatologias... 

Mas, será que apenas o treinamento dessa ferramenta seria suficiente para estar diante do outro e acessar o âmago de suas angústias, de seu coração ferido? Jung, além de uma vasta obra sobre a psique humana, deixou um recado àqueles que desejariam exercer tal ofício: 

    "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas,
mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana"

Gambini (2011) acrescenta que a "psicoterapia é uma atividade interseccional, com um fundamento na ciência e outro na arte. Esse cruzamento gera um exercício único. De modo que ela requer tanto o preparo científico, como o treino constante do desempenho criativo do ofício" (p.36). Então, é preciso ir além do conhecimento da psique.

A linguagem que ecoa na alma e no coração não se lê nos livros acadêmicos e científicos para encontrar o que é que se aplaca a dor, a linguagem que atravessa a pele e toca. Essa linguagem é sentida através da música, da arte, da poesia. Porque, "a poesia nomeia, articula, coloca em palavras realidades que confusamente sentimos, e vivemos, mas que não saberíamos expressar" (Meneses, 2011, p.19).  

Pensando nisso nasceu a vontade de ter um espaço para registrar a coleção de pensamentos que vira e mexe me pego alinhavando entre teoria e poesia. Já que meu ofício se dá pelas mais variadas formas de linguagem, esse espaço será dedicado à lapidação das minhas ferramentas com pinceladas de reflexões teóricas, aos toques de poesia e no afinamento da melodia que toca a alma. 

Sejam bem vindos! 


*Referêencias:
Gambini, R. A Voz e o Tempo: reflexões para jovens terapeutas. 2ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011

Meneses, A. B. Tempo e Analista. In: A Voz e o Tempo: reflexões para jovens terapeutas. p. 13 - 212ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011

Imagem: esxtraída da internet - As Lágrimas de Freya, Gustav Klimt

4 comentários:

  1. Tamiris Crivelenti Isaac1 de março de 2016 às 12:40

    Que lindo Paulinha! Adorei
    Parabéns!!!

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  2. Realmente lindo Paula !!! É a fala da alma. Parabens e muito sucesso. Bjs
    Viviane

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